Banca Examinadora
(titulares)
|
Profa. Drª. Helcimara de Souza Telles - Orientadora (DCP/UFMG) Profa. Drª. Regina Helena Alves da Silva (UFMG) Profa. Drª. Érica Anita Baptista Silva (INCT-DSI) Profa. Drª. Luciana Fernandes Veiga (UNIRIO) Prof. Dr. Paulo Victor Teixeira Pereira de Melo (CMBH) Prof. Dr. Pedro Santos Mundim (UFG) |
Resumo |
A presente tese tem o objetivo geral de contribuir para a compreensão dos principais fatores sociais, políticos, históricos, comunicacionais e cognitivos que, combinados, culminaram nos comportamentos negacionistas de cidadãos comuns durante a pandemia de Covid-19. Para isso, foi realizado o estudo de caso de dois países que tiveram em comum lideranças negacionistas da gravidade da crise sanitária e estão entre os que apresentaram resultados mais desastrosos em proporções de casos e mortes: Brasil e Estados Unidos. Especificamente, pretendeu-se radiografar os enquadramentos midiáticos da realidade acerca da pandemia e de seus efeitos, medidas válidas de contenção e gestões pelos governos federais; ademais, objetivamos compreender os papéis de lideranças políticas agnotológicas/negacionistas, de autoridades científicas e dos meios de comunicação no fornecimento de pistas e argumentos que orientem a construção e o fortalecimento de atitudes negacionistas e enviesadas entre os indivíduos; por fim, buscou-se verificar, de maneira qualitativa, se e como se manifesta a resistência à mudança de atitudes e opiniões diante de evidências científicas e factuais contrárias às crenças prévias. Os resultados apontam para divergências entre os enquadramentos da realidade pandêmica por diferentes atores (políticos, científicos e midiáticos), com a ocorrência de incongruências, inclusive, no interior de cada campo. O caos informacional resultante dessa combinação leva a compreensões profundamente distintas e, por vezes, negacionistas das experiências vividas ao longo da pandemia. No nível dos indivíduos, observa-se: que o apoio ao governo agnotológico (Brasil) e o partidarismo (Estados Unidos) contribuíram para moldar as percepções de gravidade e o medo da pandemia; escolaridade e a experiência de ter Covid-19 não se demonstraram significativas para reduzir a influência dessas variáveis políticas sobre as crenças e percepções; a tendência dos negacionistas (mas não necessariamente apenas deles) a se manterem em bolhas epistêmicas, nas quais suas atitudes negacionistas tendem a ser reforçadas; o recurso ao raciocínio motivado para racionalizar a persistência do apoio a presidentes que minimizaram a gravidade da pandemia, inclusive por meio do uso de argumentos de descrédito ao fazer científico e às práticas jornalísticas. Diante de realidades mais brutais, como a perda de familiares, o adoecimento severo por Covid e o contato em primeira mão com notificações de casos e mortes, observou-se maior propensão à busca por formas de ressignificar esses acontecimentos, reforçando-se o processo do negacionismo. |
Palavras-chave |
agnotologia, atitudes políticas, comportamento político, crise epistêmica., enquadramentos, negacionismo, raciocínio motivado |