O Programa de Pós-Graduação em Ciência Política (PPGCP) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) é o mais antigo do país. A Resolução 11 que implementa e regulamenta o Departamento de Ciência Política em 6 de dezembro de 1965 determina que este 'tem por finalidade ministrar cursos destinados à obtenção do grau de Mestre e Doutor e a realizar pesquisas nos setores de Ciência Política e nos das ciências que lhes sejam especialmente correlatas'. Concretiza-se, ali, uma ideia. Tendo se organizado institucionalmente durante 1966, recebeu a primeira turma do seu Programa de Mestrado em março de 1967. O registro na CAPES foi feito em 1969, embora o credenciamento efetivo date de 11 de setembro de 1973, quando foi publicado no Diário Oficial.
Hoje, o PPGCP-UFMG oferece cursos de Mestrado e de Doutorado com excelência reconhecida pela Capes. O programa tem dado importante contribuição para a produção científica na Ciência Política brasileira, destacando-se por sua inserção em redes internacionais, pela pluralidade de grupos de pesquisa e pela sua centralidade nos debates da Ciência Política brasileira. Pioneiro na construção do próprio campo de conhecimento em que se insere, o Programa possibilitou a formação de parte do corpo docente e a fixação de egressos espalhados por instituições de todos o país.
A ampla experiência do mestrado viabilizou, de forma natural, a estruturação de um curso de doutorado em Ciências Humanas, aprovado em 1994, a partir de uma parceria entre os departamentos de Sociologia e de Ciência Política. O curso se consolidou e, doze anos depois, dividiu-se entre as duas áreas que o abrigavam. Em 2006, iniciava-se o Curso de Doutorado em Ciência Política de responsabilidade do Departamento de Ciência Política. Esse movimento de autonomização reflete um processo de especialização disciplinar e institucionalização do próprio Programa no âmbito do sistema de formação pós-graduada.
Atualmente, o corpo docente do PPGCP-UFMG conta com 16 professores permanentes e 7 professores colaboradores. Com forte atuação de pesquisa, esse corpo docente é responsável por 17 diferentes núcleos de pesquisa e têm demonstrado uma trajetória ascendente na qualidade da sua produção científica.
Colocada em perspectiva temporal, nota-se que a trajetória do PPGCP-UFMG evidencia um histórico de expansão sistemática e consistente, assentada sobre uma base sólida de experiência em formação e pesquisa. Em 1976 a Capes iniciou o processo de avaliação de cursos de pós-graduação stricto sensu. Entre 1976 e 1995, o Curso de Mestrado obteve o Conceito A na maior parte do percurso (a exceção correu apenas no biênio 1988-89, quando se obteve o Conceito B), sendo reconhecido como centro de excelência. A partir de 1996, a CAPES começa a avaliar os programas e não mais os cursos. Em seu primeiro biênio, o PPGCP obteve Nota 5, que era a avaliação máxima para um programa que não possuía doutorado próprio. No Triênio 1998-2000 houve uma queda nesta avaliação, que foi sentida em praticamente todos os dez programas da área daquele momento e isso se manteve no biênio seguinte, com o CTC discordando do relatório de área que sugeria subir a nota. Mas, a partir de então há uma ascensão sólida e constante, tendo o PPGCP alcançado nota 5 no triênio 2004-2006 e nota 6 no triênio seguinte (2007-2009). O movimento gerado por essa progressiva expansão culminou com a atribuição da nota 7 (nota máxima) no triênio seguinte (2010 a 2012) e sua manutenção no quadriênio consecutivo (2013-2016). Tal consolidação chancela o esforço realizado no sentido de expansão das ações de internacionalização do Programa, observado em projetos de pesquisa colaborativos, no intercâmbio de discentes e docentes e na realização de eventos e cursos de projeção internacional, bem como no crescimento da publicação docente em periódicos estrangeiros.
O PPGCP-UFMG tem como objetivo central ser um centro de excelência acadêmica em Ciência Política, promovendo 1) pesquisas de ponta visando, inclusive a internacionalização do programa, 2) formação e treinamento de mestres e doutores altamente qualificados, para além de 3) interfaces com o Estado e com a sociedade. Carrega, portanto, objetivos mais específicos tais como:
- Incentivar e facilitar a realização de pesquisas em Ciência Política, promovendo a produção de conhecimento inovador e relevante.
- Fornecer treinamento de excelência em Ciência Política.
- Promover a cooperação acadêmica, nacional e internacional, estimulando a formação de redes colaborativas para a produção de conhecimento.
- Contribuir para o fortalecimento dos programas de pós-graduação em Ciência Política no Brasil, através de ações de solidariedade e nucleação, bem como trabalho constante com agências de pesquisa e eventos na área.
- Contribuir para o fortalecimento da educação universitária da UFMG.
- Promover interfaces entre a academia, o Estado e a sociedade, gerando conhecimento para contribuir, desenvolver e avaliar políticas públicas e para pensar problemas sociais através de instrumentos variados.
- Proteger os princípios éticos da pesquisa em Humanidades.
Desde a sua criação, o PPGCP-UFMG já formou 496 mestres em Ciência Política, tendo as primeiras dissertações de mestrado sido defendidas em 1970. O Doutorado em Ciências Humanas, em parceria com o Departamento de Sociologia, formou 54 doutores entre 1994 e 2005. Desses, 21 foram orientados por professores do DCP. Outros 177 doutores foram titulados no âmbito do curso de doutorado em Ciência Política criado em 2006. Dessa forma, atualmente, temos 198 doutores titulados.
O gráfico abaixo ajuda a compreender a trajetória do PPGCP-UFMG mostrando em vermelho as dissertações defendidas, em verde os doutores em Ciências Humanas e em azul os doutores em Ciência Política, com um evidente crescimento ao longo do tempo.
O PPGCP-UFMG organiza-se em uma única área de concentração, que é a própria Ciência Política, e 5 (cinco) linhas de pesquisa, quais sejam:
1) Estado, Gestão e Políticas Públicas;
2) Instituições Políticas e Política Internacional;
3) Comportamento Político e Opinião Pública;
4) Participação, Movimentos Sociais e Inovações Democráticas;
5) Teorias da Justiça, Feminismo e Pensamento Político Brasileiro.
As linhas buscam assegurar a densidade e a pluralidade que caracterizam historicamente o PPGCP/UFMG.
É no escopo dessas linhas que se dá a produção intelectual do Programa, dentro dos seus centros de pesquisa.
As linhas de pesquisa (1), (2) e (3) acima mencionadas encontram-se ancoradas na tradição do programa de estudo das instituições da democracia representativa e das relações estabelecidas entre elas e a sociedade - esforço que envolve algumas parcerias históricas do PPGCP/UFMG, cabendo mencionar aqui as cooperações com a Universidad de Salamanca (ES) e com o GIGA (German Institute of Global and Area Studies). Cabe mencionar, nesse grande eixo, o crescimento, no interior do programa, da expertise na temática das políticas públicas (Linha 1), e o fortalecimento da área temática de Política Internacional (que integra a Linha 2) . A Linha 1 envolve o Publicus (Núcleo de Estudos em Gestão e Políticas Públicas) e o Centro Interinstitucional de Análise de Políticas Sociais (CIAPSoc). A Linha 2 engloba o CEL (Centro de Estudos Legislativos) e a Ripperp (Rede Interinstitucional de Pesquisa em Política Externa e Regime Político). A Linha 3 abarca o Grupo de Pesquisa Opinião Pública, Marketing Político e Comportamento Eleitoral e o Cecomp (Centro de Estudos do Comportamento Político).
As Linhas (4) e (5) situam-se no campo de propostas tematicamente orientadas com forte ênfase interdisciplinar, buscando compreender os processos, experimentos e lutas contemporâneos voltados à expansão da definição e das práticas democráticas. O seu objetivo é aprofundar o entendimento do tema da democracia em uma perspectiva comparada. A Linha (4) envolve o Prodep (Projeto Democracia Participativa), o CEDE (Centro de Estudos em Democracia Deliberativa), o CePPI (Centro de Pesquisa em Política e Internet) e o Margem (Grupo de Pesquisa em Democracia e Justiça). A Linha (5) abarca o Nepem (Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher) e o Cerbras (Centro de Estudos Republicanos Brasileiros), mas o Margem também guarda aqui sua identidade. Obviamente, a inserção dos grupos de pesquisa nas linhas não é completamente rígida e há diversos pontos de atravessamentos entre elas.
Para além dos grupos acima citados, o PPGCP-UFMG conta com dois grupos de cunho metodológico: o Grupo de Pesquisa de Metodologia em Ciências Sociais e o Grupo Interdisciplinar de Metodologias em Avaliação de Políticas Públicas (GIMAPP) reafirmando um tradição do programa desde o seu nascedouro.
O relatório de avaliação do último quadriênio apontou o corpo docente do PPGCP-UFMG como um dos mais produtivos do país, localizando-se no quartil superior tanto na produção de artigos como na produção de livros e capítulos. Ademais, nota-se que, dada a diversificação e consolidação das linhas e dos núcleos de pesquisa, é crescente a desconcentração da produção científica em relação ao conjunto de docentes do programa. Salienta-se que o grau de internacionalização do programa é bastante consolidado, o que pode ser notado a partir de indicadores como a cooperação com diversas universidades e organizações internacionais em projetos conjuntos de pesquisas, intercâmbios de alunos e professores em redes de pesquisas internacionais, doutorados sanduíche no exterior, pós-doutorados no exterior, atração de alunos para o doutorado em cotutela e publicações individuais e coletivas em periódicos internacionais.
A internacionalização é um vetor fundamental das ações do PPGCP-UFMG. A ampliação e a consolidação da inserção internacional do Programa envolvem investimento constante. Para tanto, envidam-se esforços em várias frentes, incluindo: o estabelecimento de acordos de cooperação e parcerias, o crescente foco no desenvolvimento de projetos conjuntos de pesquisa; o incentivo à publicação de artigos em revistas internacionais e à apresentação de pesquisas em eventos internacionais, a promoção de uma Série de Seminários em Ciência Política, que tem viabilizado intenso e produtivo intercâmbio com pesquisadores de ponta em diversas áreas da ciência política. Os pesquisadores convidados para essa Série têm se engajado em diversas atividades do Programa para além da exposição de uma palestra. Muitos deles dedicam-se a interações com discentes e docentes sobre seus projetos pesquisa. Cabe mencionar que o corpo discente do PPGCP-UFMG tem amplo histórico de intercâmbios com instituições de ensino internacionais, por meio não apenas da participação de eventos, mas, sobretudo, pelos estágios 'sanduíche'. Outra frente de internacionalização revela-se na tentativa de atração de alunos estrangeiros para o Programa. Essa frente passa tanto pelo estímulo a professores para que atraiam alunos em suas redes de pesquisa, como pela adesão a programas especificamente voltados à seleção de alunos estrangeiros, como o PEC-PG e o Programa PAEP OEA GCUB. Esta frente também está relacionada à presença institucional de professores em redes, associações e fóruns acadêmicos internacionais. Por fim, cabe ressaltar a saída de nossos docentes para o pós-doutoramento ou sua presença como professores visitantes. Todos os anos, dois pesquisadores saem para sabático em universidades estrangeiras como: University of Pennsylvania (EUA), Universidade de Salamanca (Espanha), University of Westminster (RU), European University Institute, EUI (Itália), Massachusetts Institute Of Technology, M.I.T. (EUA), University of Oxford (RU), Universidad Rey Juan Carlos (URJC) (Espanha), University of California Irvine (UCI), University of Canberra (Austrália), University of Pittsburgh (EUA), German Institute of Global and Area Studies (Alemanha), Université Catholique de Louvain (Louvain-la-Neuve e Mons, Bélgica), Observer Research Foundation (Nova Délhi, Índia), Tulane University (EUA), University of Massachusetts (EUA) Universidade de Coimbra (Portugal).
A inserção social do PPGCP-UFMG está assentada em quatro grandes eixos:
O Programa tem papel central na formação de pessoal qualificado seja para a academia seja para a administração pública de um modo geral. Sua capacidade de formar quadros que se colocam em universidades do Brasil inteiro, bem como em instituições e órgãos estatais e não estatais. Entre os egressos do Programa, também há pesquisadores lecionando e pesquisando em universidades estrangeiras como Copenhagen Business School, por exemplo. Além disso, pesquisadores formados pelo PPGCP-UFMG atuam em diversos órgãos no plano local, estadual e federal, empresas privadas, autarquias, entre outros, como por exemplo: Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, Câmara de vereadores de Belo Horizonte, Câmara dos Deputados - Federal, entidades privados como CP2 Consultoria, Pesquisa e Planejamento , Escola Nacional de Administração Pública, Governo do Estado de Minas Gerais, Instituto Cultural Inhotim, IPEA, Jornal Estado de Minas, Núcleo de Educação em Saúde Coletiva - Faculdade de Medicina/UFMG, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (IPC-IG/UNDP), Secretaria de Educação do Município de Contagem (MG), Tribunal de Justiça Militar de Minas Gerais, Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, TRE-MG, Vox Populi. Mas também em organismos e ONGs internacionais tais como International Policy Centre for Inclusive Growth, Women in Informal Employment Globalizing and Organizing (Cambridge, EUA) e International Anti-Corruption Academy (Austria).
Os projetos de extensão desenvolvidos por docentes vinculados ao PPGCP-UFMG permitem uma aplicação muito concreta de conhecimentos desenvolvidos em pesquisas para a intervenção sobre problemas sociais. Diversos dos grupos de pesquisa que atuam no âmbito do Programa têm ampla tradição na organização de projetos de extensão, como o Prodep, o Nepem, o Publicus e o Grupo de Pesquisa Opinião Pública, Marketing Político e Comportamento Eleitoral. Vale citar, ainda, as atividades voltadas à Educação e Popularização em Ciência e Tecnologia. O PPGCP-UFMG tem um amplo histórico de atuação na tradução de conhecimentos científicos para a interpretação de situações contemporâneas. Por fim, cabe destacar que o programa realiza uma série de eventos acadêmicos que têm forte interface com problemas sociais contemporâneos, voltando-se a um público não apenas de pesquisadores e estudantes, mas também de movimentos sociais, gestores públicos e cidadãos interessados em certas temáticas.