Resumo |
Esta dissertação investiga os determinantes domésticos da política externa em democracias consolidadas do Cone Sul entre 2003 e 2022, com base nas premissas do Novo Liberalismo. A pesquisa parte da hipótese de que as preferências sociais, ao serem institucionalizadas e transmitidas ao nível internacional, condicionam a ação externa dos Estados. O objetivo é avaliar em que medida três condições domésticas Mudança de Ideologia (MdI), Alta Divergência Societal (ADS) e Poder Executivo Desconstrangido (PED) contribuem para a ocorrência do fenômeno de interesse: a Mudança de Preferência de Política Externa (MPPE), entendida como a reorientação substantiva e sustentada da política externa em resposta a novas demandas internas. Com abordagem case-specific e outcome-centered, a metodologia empregada é a Qualitative Comparative Analysis (QCA), aplicada a 18 governos da Argentina, Brasil, Chile e Uruguai. As condições foram operacionalizadas com base em literatura especializada e evidências empíricas, permitindo a identificação de combinações causais associadas ao resultado. O principal achado é a suficiência da combinação PED*ADS para a ocorrência de MPPE, indicando que a presença conjunta de um Poder Executivo com baixa resistência institucional e uma sociedade marcada por forte dissenso são decisivas para a reformulação da política externa. Nenhuma das três condições se mostrou necessária isoladamente. A conclusão reforça que o Novo Liberalismo, ao articular preferências sociais, instituições representativas e ação estatal, fornece um arcabouço produtivo para compreender as trajetórias distintas de política externa das democracias do Cone Sul. Ao empregar a lógica configuracional da QCA, a pesquisa destaca a importância de analisar arranjos institucionais, coalizões políticas e capacidades estatais específicas para explicar a mudança de preferência de política externa em contextos democráticos. |
Palavras-chave |
Cone Sul, Mudança de Política Externa., Novo Liberalismo, Política Externa Comparada, QCA |