Resumo |
Este trabalho examina a interação dinâmica entre a crise brasileira e o fortalecimento da representação evangélica no país. O objetivo é compreender como esses fenômenos coexistem e se influenciam mutuamente no contexto sociopolítico dos últimos anos. A pesquisa adota um estudo de caso, focando-se em um fenômeno específico (o fortalecimento da representação evangélica) dentro de um contexto particular (a crise brasileira). Para isso, utiliza-se uma abordagem qualitativa interpretativista, buscando explorar um panorama abrangente e produzir uma análise profunda. A análise foi conduzida através de eixos temáticos definidos a partir de uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL). Quatro eixos principais se destacaram: interpretações teológicas evangélicas, comportamento político em tempos de crise, fragilidade do sistema partidário e parceria com setores ultraliberais. Esses eixos foram descritos e analisados à luz das principais teorias que os sustentam. Os resultados apontam para uma abordagem abrangente e multifacetada sobre o fortalecimento da representação evangélica durante a crise brasileira. A comunidade evangélica possui uma visão de mundo centrada na Bíblia e vê sua fé como uma força transformadora que deve moldar tanto suas vidas pessoais quanto a sociedade. O mundo atual, o cenário político, as guerras e as crises são compreendidos com implicações espirituais. Por um lado, os aspectos axiológicos sustentam a atuação política do grupo e influenciam sua resposta à crise brasileira. Por outro lado, as instituições, especialmente as estruturas partidárias enfraquecidas, facilitaram a inclusão de candidatos evangélicos nas listas abertas dos partidos. Além disso, a parceria da Bancada Evangélica com setores ultraliberais, baseada na percepção de que ambos compartilham o objetivo de reduzir políticas públicas regulatórias, resulta em cooperação em determinadas pautas e projetos legislativos. Isso inclui a defesa da propriedade privada e o incentivo à iniciativa individual, apoio a medidas legislativas que beneficiem o setor empresarial, como a flexibilização de leis trabalhistas e ambientais, e, em troca, recebendo, por exemplo, financiamento de campanhas. Esses fatores combinados proporcionam uma compreensão mais profunda e detalhada de como a representação evangélica se fortaleceu em meio à crise brasileira, revelando uma complexa teia de influências mútuas entre religião, política, economia e sociedade. |