Henrique Gomes e Silva

Claudia Feres Faria

""DE PÉ PARA A BANDEIRA E DE JOELHOS PARA A CRUZ": Nacionalismo cristão na política externa dos governos Bolsonaro e Orbán"

Ciência Política

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15/05/2024

Profa. Drª. Claudia Feres Faria - Orientadora (DCP/UFMG)
Prof. Dr. Lucas Pereira Rezende - Coorientador ((DCP/UFMG))
Prof. Dr. Dawisson Elvécio Belém Lopes (DCP/UFMG)
Prof. Dr. Feliciano de Sá Guimarães (IRI-USP)

O presente trabalho tem por objetivo observar a presença do nacionalismo cristão na política externa de governos populistas de direita, por meio de estudos de casos comparados entre o governo de Jair Bolsonaro no Brasil e o de Viktor Orbán na Hungria. O populismo de direita é um fenômeno caracterizado por líderes carismáticos que alegam representar a vontade geral da nação ao defender o povo puro em detrimento da elite corrupta, com traços marcadamente nativistas e autoritários. O nacionalismo cristão é uma ideologia presente em muitos desses regimes, defendendo a ideia de que o Estado-nacional é intrinsecamente cristão e deve priorizar iniciativas orientadas por uma visão conservadora do cristianismo em sua agenda programática. Além disso, essa ideologia utiliza o componente religioso como critério para definir quem faz parte do povo no discurso populista. A Role Theory é utilizada para explicar como os líderes definem os papéis de seus Estados no cenário internacional, estabelecendo princípios, objetivos e ações comuns, o que também facilita a aproximação ideológica e estratégica entre governos nacionalistas. Para investigar a presença do nacionalismo cristão nos discursos de política externa, optou-se pela análise de discurso como método. Os estudos de caso examinam as principais características populistas de cada governo, o uso político da religião e finalizam com uma análise dos discursos coletados. Conclui-se que tanto Bolsonaro quanto Orbán atribuem a identidade de uma nação cristã aos seus respectivos países, e que o papel que o Brasil e a Hungria devem desempenhar no plano internacional está alinhado a essa identidade. Isso inclui a luta antiaborto, a defesa da liberdade religiosa e a proteção aos cristãos perseguidos. Além disso, implica na escolha de inimigos comuns, como o globalismo, a esquerda, o movimento LGBTQI+ e os povos islâmicos, bem como no estabelecimento de parcerias compartilhadas com países como Estados Unidos, Israel e Polônia, formando uma aliança populista internacional.

Bolsonaro, nacionalismo cristão, Orbán., populismo de direita, role theory