Banca Examinadora
(titulares)
|
Prof. Dr. Cristiano dos Santos Rodrigues - Orientador (DCP/UFMG) Profa. Drª. Bárbara Lopes Campos - Coorientadora (PUC Minas - Campus Poços de Caldas) Prof. Dr. Ricardo Fabrino Mendonça (DCP/UFMG) Profa. Drª. Debora Cristina Rezende de Almeida (IPOL) |
Resumo |
Esta dissertação analisa as candidaturas coletivas no contexto das eleições legislativas de 2022, com foco na interação entre movimentos sociais e partidos políticos. Argumentando que as candidaturas coletivas imprimem uma inventividade em termos dessa interação e repercutem complexas configurações, traçamos como hipóteses três padrões associados aos encontros e desencontros entre movimentos e partidos: cooperativo, pragmático e histórico. Para sustentar esse argumento e operacionalizar as hipóteses, adotamos uma abordagem multimétodos. Mapeamos e analisamos o perfil das candidaturas coletivas com base em dados primários disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral, a partir de um conjunto de variáveis sociodemográficas e partidárias. Para avançar com a identificação dos temas e bandeiras defendidos, bem como dos movimentos sociais ou outras organizações e modalidades associativas, recorremos à análise de conteúdo quantitativa de imagens publicadas no Instagram. Em acréscimo, desenvolvemos o estudo de casos de quatro candidaturas coletivas a cargo legislativo estadual lançadas pelo Partido Socialismo e Liberdade através de entrevistas em profundidade com nove pessoas cocandidatas. Apoiando a concepção de que essas modalidades de candidatura buscam ampliar a representatividade de corpos e pautas na política institucional, por meio de adaptações criativas e contingentes junto a movimentos sociais e partidos políticos, delimitamos três conclusões principais. A primeira é sobre o perfil das candidaturas coletivas. Observamos a diversificação dos quadros das candidaturas parlamentares e a democratização da representação política, principalmente no que se refere à entrada de mulheres negras na arena eleitoral. Reconhecemos dentre as pessoas cocandidatas um conjunto de vínculos associativos sobrepostos, compreendendo diferentes esferas de ação e incidência política, as quais, por vezes, estão interconectadas, tomando forma de uma rede. Notamos ainda o maior envolvimento dessas modalidades de candidatura com assuntos voltados para questões sociais, como saúde, meio ambiente, educação e cultura. A segunda conclusão é que há longeva cooperação entre as pessoas cocandidatas e o Estado, em suas diversas instituições, uma relação que, inclusive, norteadora das dinâmicas e estratégias experienciadas no interior do partido. A terceira conclusão é que existem várias possibilidades existentes na interação entre movimentos sociais e partidos políticos, tomando a forma de um continuum de alinhamento e influência entre ambos que podem se mover continuamente nesse espectro, conforme as circunstâncias políticas e institucionais se modificam. Esses achados introduzem novos recursos explicativos que enriquecem tradicionais modelos teóricos sobre as relações entre movimentos sociais e partidos, e, principalmente ilumina pontos vulneráveis ou pouco desenvolvidos pela recente literatura sobre candidaturas coletivas que podem ser úteis para inspirar outras análises. |
Palavras-chave |
candidaturas coletivas, eleições 2022, interação., movimentos sociais, partidos políticos |