Resumo |
A partir da conceituação de islamofobia como um discurso de ódio global, essa dissertação tem como objetivo central estabelecer o panorama internacional e o panorama nacional da islamofobia, das suas primeiras manifestações aos dias atuais. Busca apresentar alguns dos atores e estruturas de pensamento responsáveis por globalizar discursos islamofóbicos, localizá-los em seus contextos históricos, e teorizar sobre os modos e as razões pelas quais eles se articulam entre si. Demonstra como a islamofobia é um fenômeno antigo, multifacetado e globalmente disseminado, que possibilita as mais diversas apropriações e usos políticos em diferentes partes do mundo. No Brasil, apesar de ser um tipo de ódio marginal em comparação a outras formas de estereotipificação e subalternização, a islamofobia pode ser observada desde a colonização. Em consonância com outros países, ela foi cultivada ao longo da história brasileira por múltiplos movimentos, através de diferentes ideologias, como o racismo, o nacionalismo religioso, o liberalismo e o fascismo. Compreendendo o 'Outro', condição atribuída globalmente aos muçulmanos, como um signo a que sempre podem ser incorporadas novas palavras, a dissertação propõe a análise das vinculações simbólicas feitas entre diferentes grupos alterizados. Tal prática discursiva, denominada 'articulação de ódio', é caracterizada como uma ferramenta política que contribui para a construção de hierarquias e destruição de solidariedades. |