Resumo |
Partimos do diagnóstico de que as eleições presidenciais de 2018 marcaram um ponto de
virada na relação dos brasileiros com o debate ideológico no país. Os eleitores estão se localizando mais na escala esquerda/direita e essas posições se relacionam cada vez mais com seus votos e identidades partidárias. Apesar disso, temos como objetivo matizar e encontrar nuances nesse diagnóstico a fim de compreender, de forma mais profunda, quantos e quem são os eleitores ideológicos na sociedade brasileira. Para isso, trabalhamos com os dados pós- eleitorais das eleições presidenciais de 2018, ano de grande saliência ideológica no debate público. Criamos, a partir dos dados, alguns indicadores de consistência ideológica dos eleitores e de voto ideológico nas eleições presidenciais, com os quais visamos medir a amplitude desses fenômenos na sociedade e testar um conjunto de hipóteses sobre os atributos individuais que influem sobre a consistência ideológica dos eleitores. Os resultados indicam que apenas uma minoria dos eleitores pode ser considerada como alinhada ideologicamente às elites e que, além disso, a maioria dos eleitores não votou, nas eleições presidenciais de 2018, baseada em posições ideológicas. Além disso, mostramos a força das teorias de natureza cognitivista, mesmo em contextos que facilitam a estruturação ideológica do comportamento político dos eleitores. Nossos achados revelam que os indivíduos interessados por política, com maior escolaridade, mais participativos ou com preferência partidária ainda são os eleitores mais ideologicamente consistentes. |