Resumo |
A política externa brasileira no período dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva foi conduzida pela afirmação da presença soberana do país no cenário internacional através do alinhamento, cooperação e integração com o eixo Sul-Sul, intensificando relações comerciais com países emergentes e ingerindo questões de escala global. Propõe-se a compreender, a partir da interpretação de signos, sentidos e significados, as representações de identidades internacionais do Brasil em discursos oficiais de política externa brasileira durante os governos Lula. Trata-se de pesquisa interpretativa, de caráter compreensivo, com orientação analítico-discursiva, que se pautou em estudo de casos nos contextos da América do Sul e do Oriente Médio, mediante a aplicação de um dispositivo de análise do discurso. A análise textual do corpus possibilitou identificar um complexo sistema de significação operado pelos discursos que, ao deslocarem textualmente as posições do Estado no espaço discursivo, distintas relações de diferenças foram produzidas por práticas representacionais. Constatou-se que as práticas representacionais envolveram a demarcação de fronteiras entre o sujeito-EU e o Outro em termos espaciais, temporais e éticos, além da mobilização de afetos e ressentimentos, do estabelecimento de ligações intertextuais com cenas temporais, da instauração de polêmica, da utilização de repetições, paráfrases e reformulações e da construção de imagens estereotipadas. Neste processo discursivo, as identidades internacionais do Brasil, sul-americana, de líder regional e de interlocutor entre povos, eram representadas pela política externa brasileira, justificando e conduzindo o Estado por meio de posições de poder no sistema internacional. Concluiu-se que as identidades internacionais devem ser pensadas de forma relacional e diferencial e que os discursos, a interpretação e os significados constituídos são imprescindíveis para a existência da ação política e estatal e das identidades. |
Palavras-chave |
América do Sul, Análise do discurso, Identidades internacionais, Oriente Médio, Política externa brasileira |